Presa.


Queria poder olhar para traz e não ver tanto sangue em meu passado.
Talvez o que eu esteja sentindo seja alguma forma de redenção, quem sabe um dia eu serei absolvida pelos meus pecados e as almas que eu expulsei da terra possam enfim me perdoar.
Algumas vezes enquanto observo minhas vítimas implorando salvação, começo a pensar na minha própria.
Já vi pessoas de joelho implorando por um perdão supremo ou as que gritam de dor sem saber que naquele momento ninguém pode escutá-las.
Força nenhuma pode salvar sua vida ou o quer que seja naquele momento.
A alma já é minha, o corpo já é meu.
Quando param de gritar eu sei que falta pouco, pois o silêncio os confortam enquanto esperam por um milagre.
Não aprendem que se tratando de mim, milagre nenhum os ajudará.
Suavemente levanto teu corpo do chão. Não gosto de teu sangue, apenas tua alma.
Então transformo o corpo em poeira e observo o vento dançar.
Escolho minhas vítimas como quem escolhe uma fruta, mas eu colho as podres.

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